O que logo vem a cabeça quando pensamos em escravidão? Prática que se desenvolveu, principalmente, na Europa e na América a partir dos descobrimentos e da colonização de novas terras? Dominação de brancos sobre os negros? É possível listar várias idéias que se desenvolveram a respeito da prática escravista ao longo da história, no entanto, muitas delas são equivocadas e precisam ser repensadas. Façamos então, uma breve viagem pela História da escravidão, concentrando-nos, principalmente, na África.
A escravidão era uma prática desde a antiguidade, que teria se estendido de Roma para muitos outros países. Já na Idade Média, parte significativa da África se estruturava ao redor do tráfico e da escravidão muitos anos antes de os europeus lá desembarcarem e no fim do período medieval desenvolveu-se no Mediterrâneo um complexo colonial escravista, que anos depois seria aplicado na América. Calcula-se que antes da chegada dos europeus no continente africano, a chamada África Negra já teria comercializado cerca de seis milhões de escravos para a região do mediterrâneo e teria desenvolvido na própria África Negra uma escravatura interna.
Nessas regiões africanas a escravidão estava relacionada com o estatuto da terra, pois nesses locais a necessidade e o desejo de absorver e acumular pessoas sob diversas formas, inclusive sob regime escravista, era o meio de cultivar a terra e o meio de garantir e expandir o poder de determinado grupo social. Portanto, a escravidão se relacionava a uma intensa necessidade de agregação de dependentes, isso é, podia-se negociar pessoas para que trabalhassem ou para que simplesmente fossem incorporadas a uma linhagem familiar, fortalecendo o prestígio do chefe de família. Dessa forma, pequenos Estados africanos, com grande densidade populacional, comumente apresentavam uma grande porção de escravos a serviço do soberano, e assim, muitos podiam ser comercializados como melhor lhe parecesse.
A partir da chegada dos europeus na África, aqueles escravos que não eram destinados à escravidão africana eram levados à costa, de onde partiriam para seu destino, geralmente, do outro lado do Atlântico. A Europa e as colônias americanas, eram os principais lugares de desembarque dos cativos, onde eram obrigados a realizar trabalhos forçados. O principal meio de conseguir escravos no território africano era a guerra. Mas, como nas batalhas os homens, em sua maioria, conseguiam fugir ou eram mortos, a estratégia dos líderes africanos era capturar crianças e mulheres.
SAIBA MAIS:
Miers, Susanne; Kopitoff, Igor. Slavery in Africa: Historical and Anthropological Perspectives. Madison: 1977. pp.12-80.
leia Thonrton me parece que ele cria a mesma tese.
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